Convergência entre diagnóstico oficial e académico
Um estudo recente das Forças de Defesa e Segurança (FDS), divulgado pela STV, revelou que o conflito em Cabo Delgado tem múltiplas causas estruturais, reconhecendo factores económicos, sociais, políticos, culturais e geográficos.
O documento das FDS confirma conclusões de diversos estudos académicos, que apontam pobreza extrema, desigualdades históricas, exclusão juvenil, fragilidade institucional e tensões étnicas e religiosas como elementos centrais do conflito.
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Fragilidade do Estado e exclusão social
As FDS destacam que a incapacidade do Estado em prestar serviços essenciais, justiça e oportunidades cria vácuos preenchidos por actores insurgentes. Jovens marginalizados encontram nas mensagens religiosas e identitárias uma forma de pertença e esperança, revelando que a insurgência é sintoma de falhas do próprio Estado.
Impacto socioeconómico e fluxos regionais
O estudo também enfatiza a desigualdade entre a riqueza gerada por megaprojectos de gás e mineração e a pobreza local, que alimenta frustração social. Além disso, a proximidade com a Tanzânia facilita a circulação de pessoas, bens e combatentes, reforçando a complexidade do conflito.
Desafio político: agir além das armas
Especialistas afirmam que identificar causas não basta. É necessário coragem política para combater a exclusão, redistribuir recursos e incluir todas as comunidades no desenvolvimento. Sem isso, o conflito continuará a reproduzir-se, independentemente de derrotas militares insurgentes.
O estudo das FDS representa, assim, uma oportunidade inédita de alinhar políticas públicas à realidade local, indo além da resposta militar e promovendo estratégias socioeconómicas e de inclusão.