Crise no Hospital de Pemba leva profissionais à manifestação
Pemba, Cabo Delgado — Profissionais de saúde do Hospital Provincial de Pemba, a maior unidade sanitária da província, saíram às ruas para protestar contra atrasos no pagamento de salários e subsídios. Desde 2022, o problema cresce e provoca consequências internas graves. Além disso, surgem denúncias sobre roubo de medicamentos e venda ilícita de sangue, segundo apurou o Radar Info MZ.
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Salários atrasados afetam a motivação
Durante a manifestação, os profissionais denunciaram a falta de pagamento dos subsídios de turno e risco, essenciais para complementar o rendimento mensal. A agente de serviço Marieta Culuco alertou que “os atrasos já duram meses, deixando colegas em sérias dificuldades financeiras e comprometendo a motivação e a qualidade do atendimento”.
O enfermeiro Tadeu Mangasse confirmou que a crise salarial persiste desde 2022 e advertiu sobre o desânimo crescente. Assim, mesmo cumprindo as funções diárias, muitos profissionais vivem na incerteza, esperando um subsídio que nunca chega. Como resultado, o ambiente de trabalho degrada-se a cada mês.
Venda de sangue e medicamentos
Embora o protesto tenha focado nos salários, informações obtidas pelo Radar Info MZ revelam um cenário mais grave. Fontes internas do hospital relataram que, para enfrentar a crise, alguns profissionais passaram a vender medicamentos e até sangue. Dessa forma, frequentadores habituais do banco de sangue afirmaram ter pago entre 2.000 e 3.000 meticais por unidade para conseguir receber o material doado.
Além disso, o roubo sistemático de fármacos deixou a farmácia da unidade praticamente vazia. Por consequência, o atendimento à população ficou ainda mais comprometido. “Faltam remédios, e a situação só piora”, lamentou um funcionário.
Ausência de medidas concretas
Os trabalhadores afirmam que, apesar das queixas constantes, a direção do hospital não implementou nenhuma medida eficaz para resolver a crise. Por isso, práticas clandestinas continuam a prosperar. Além de destruir a confiança no sistema, essa inação ameaça diretamente a vida de pacientes que dependem do serviço público.
Problema recorrente no país
A crise no Hospital de Pemba expõe a necessidade urgente de intervenção do Governo central e das autoridades provinciais. Somente com ações rápidas e eficazes será possível garantir condições dignas de trabalho e evitar o colapso dos serviços. Além disso, casos semelhantes de atraso salarial e falta de subsídios já se repetem em várias províncias, o que demonstra tratar-se de um problema estrutural no sistema nacional de saúde.