A Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) está pronta para deixar de ser apenas parceira e, assim, assumir um papel de liderança nos projetos de exploração e produção de petróleo e gás em Moçambique. Essa virada estratégica está em discussão entre os membros do conselho de administração da empresa, que, desde sexta-feira, debatem em retiro no distrito de Matutuine, província de Maputo, um plano ambicioso para os próximos anos.
Participação atual e operação por multinacionais
Hoje, a ENH participa como acionista em cerca de 10 concessões no país, com participações que vão de 10% a 40%. Ela representa o Estado moçambicano e atua principalmente como braço comercial. No entanto, a operação dos projetos está nas mãos de gigantes multinacionais como TotalEnergies, ENI e ExxonMobil.
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Objetivo de se tornar operador
A presidente do conselho, Ludovina Bernardo, deixa claro que esse cenário precisa mudar. “É hora de começarmos a nos posicionar como operadores, não só parceiros”, afirmou. Dessa forma, a ENH quer passar a operar diretamente, e os primeiros resultados desse movimento podem aparecer em breve.
Plano de negócios e foco no desenvolvimento industrial
O novo plano de negócios, com horizonte superior a cinco anos, prevê o desenvolvimento de uma carteira de projetos para aproveitar o gás natural da Bacia do Rovuma. Segundo Bernardo, essas reservas são uma chance estratégica para impulsionar o desenvolvimento industrial nacional. Além disso, o foco está no fornecimento de gás doméstico, que pode ser o motor de iniciativas de transformação local e geração de valor econômico.
Atuação atual e expansão prevista
Além disso, a ENH já participa da Central de Processamento de Pande e Temane, em Inhambane, e em projetos de gasodutos. A empresa também atua como agregadora e comercializadora de gás natural, com uma rede de distribuição canalizada de 65 km em Maputo e Marracuene.
Planos para transporte e operações transfronteiriças
Para o futuro, a ENH planeja entrar no transporte de gás natural, petróleo e condensados, tanto por via marítima quanto terrestre, incluindo operações transfronteiriças. Essa expansão mostra, portanto, a ambição da empresa de ampliar seu papel na cadeia de valor energética do país.
Desafios e perspectivas
Apesar dos desafios de operar num setor dominado por multinacionais e dos investimentos pesados necessários, a estratégia da ENH reflete a busca do Estado moçambicano por maior controle e participação no seu próprio recurso natural. Contudo, o sucesso dessa transformação vai depender da capacidade de gestão, da atração de investimentos e da eficiência operacional da ENH.