MAPUTO — A recusa de entrada em Moçambique de um grupo de humoristas internacionais, incluindo o angolano Gilmário Vemba, está a gerar intensa controvérsia. A polémica envolve alegações de retaliação política e falhas administrativas no processo de obtenção de vistos.
Objectivo central da iniciativa
O grupo, composto por Gilmário Vemba (Angola), Murilo Couto (Brasil) e Hugo Sousa (Portugal), pretendia realizar o espectáculo “Tons de Comédia” no dia 14 de Julho, em Maputo. Contudo, os três artistas foram barrados no aeroporto, uma vez que não possuíam o visto exigido para actividades culturais.
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Conforme relata a promotora Showtime, os artistas chegaram à capital moçambicana no início da tarde. Assim que desembarcaram, um agente solicitou os seus passaportes para supostamente facilitar os trâmites. No entanto, ao chegarem ao balcão de imigração, foi-lhes negada a entrada por ausência do visto adequado.
Os artistas explicaram que apenas Murilo Couto havia solicitado o visto especial, por ser brasileiro e não beneficiar de isenção. Mesmo assim, o grupo manifestou disponibilidade para pagar o visto de fronteira, tal como já haviam feito em outros países. Ainda assim, a entrada foi negada.
Reações e expectativas
O político Venâncio Mondlane considerou a decisão como uma forma de perseguição. Ele afirmou que Gilmário Vemba tem sido um dos seus apoiantes mais visíveis, inclusive nas redes sociais. “Gilmário foi o embaixador da minha marca pessoal em Lisboa. Essa decisão parece-me política”, declarou Mondlane.
Além disso, ele partilhou que manteve contacto com Gilmário até o momento da recusa de entrada. “Disse-lhe que, finalmente, já foste baptizado. Isso é um selo de verdade nesta caminhada”, acrescentou o político, numa alusão ao seu movimento.
Próximos passos e implicações
O director-geral do Serviço Nacional de Migração (Senami), Zainedine Danane, justificou a recusa com base na lei. Segundo explicou, os artistas não tinham a devida autorização do Ministério da Cultura. “Vieram para dar um ‘show’, mas não cumpriram os requisitos legais”, disse Danane, à margem das celebrações dos 50 anos da instituição.
Em contrapartida, Mondlane recordou que há um acordo de supressão de vistos entre Moçambique e Angola. Para ele, os humoristas poderiam ter regularizado a situação localmente. “Já fizeram isso no passado. Por que agora seria diferente?”, questionou.
Em 8 de Julho, Gilmário e Mondlane partilharam imagens de um encontro em Lisboa. Na ocasião, usaram a expressão “Anamalala” – que significa “acabou” em macua – como referência à nova sigla política que Mondlane pretende legalizar.
O Radar Info MZ continuará a acompanhar este caso e trará actualizações sempre que houver novos dados sobre a actuação das autoridades migratórias.