O exército israelense declarou no domingo que irá suspender as operações militares diariamente, das 10h às 20h, em três áreas da Faixa de Gaza: Al-Mawasi, Deir al-Balah e Cidade de Gaza. A decisão surge após intensa pressão internacional, com o objetivo de facilitar o fluxo de ajuda humanitária num cenário de fome crescente.
Rotas seguras e horários estendidos para comboios
Além das pausas, o exército anunciou a implementação de rotas seguras permanentes. Estas vias permitirão a passagem de comboios humanitários entre 6h e 23h, transportando alimentos e medicamentos essenciais para a população. De acordo com as autoridades militares, nenhuma incursão terrestre foi realizada nessas zonas desde março, mês em que Israel retomou sua campanha na região.
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A emissora egípcia Al Qahera News, próxima ao governo, confirmou o envio de ajuda humanitária a partir do Egito no domingo. Anteriormente, Israel havia optado por lançamentos aéreos com o mesmo propósito, embora grupos de ajuda humanitária tenham considerado a medida insuficiente.
ONU critica restrições e exige pausas formais
Na última semana, as Nações Unidas reiteraram o apelo por pausas humanitárias formais. A organização defendeu que as atuais medidas israelenses não oferecem rotas alternativas suficientes para garantir o abastecimento. Organizações não governamentais alertam que os 2,2 milhões de habitantes de Gaza enfrentam uma crise alimentar aguda, resultado direto do bloqueio imposto por Israel em março.
Mesmo após a reabertura parcial em maio, as restrições continuam severas. A ONU afirma que os obstáculos logísticos, impostos por Israel, impedem a entrega eficiente da ajuda. Por outro lado, o governo israelense nega a existência de fome generalizada e responsabiliza o Hamas, alegando que as restrições visam pressionar pela libertação de reféns.
Mortes por desnutrição aumentam
O Ministério da Saúde de Gaza relatou que 127 pessoas morreram de desnutrição desde o início do conflito, incluindo 85 crianças. Israel, por sua vez, responsabiliza a ONU pela má distribuição dos recursos. A ONU, contudo, insiste que os controles israelenses são os principais obstáculos à ajuda efetiva.
Contexto do conflito
O confronto atual teve início em 7 de outubro de 2023, quando militantes liderados pelo Hamas atacaram o sul de Israel, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando 251, segundo fontes israelenses. Em resposta, Israel lançou uma ofensiva de grande escala sobre a Faixa de Gaza.
Desde então, quase 60.000 pessoas morreram na região, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza. A maioria das vítimas são civis. O conflito já deslocou quase toda a população da Faixa, deixando a região devastada e à beira de uma catástrofe humanitária.