Dinis Tivane criticou severamente Daniel Chapo e o partido Frelimo após declarações que, segundo ele, “insultam a memória dos moçambicanos”. Isso porque Chapo comparou as manifestações pós-eleitorais com a guerra civil de 16 anos. Para Tivane, essa analogia revela desprezo pela dor vivida durante o conflito armado.
Comparação considerada inaceitável
De acordo com Tivane, a guerra civil deixou marcas profundas em milhões de moçambicanos. Por isso, ao comparar esse passado sangrento com protestos eleitorais, Chapo estaria a relativizar mortes, violações e traumas. Além disso, o ativista destacou que nenhuma manifestação recente causou destruição semelhante.
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“Nenhuma criança morreu por causa de um cartaz. Nenhuma mulher foi estuprada durante protestos pacíficos. Não há qualquer equivalência entre os dois cenários”, afirmou. Para reforçar, Tivane lembrou que os protestos foram motivados por denúncias sérias de fraude eleitoral, não por motivações violentas.
Desespero político e ilegitimidade
Segundo Tivane, a declaração de Chapo reflete um sentimento de insegurança quanto à sua legitimidade. “Ele sabe que ocupa um cargo que muitos moçambicanos não reconhecem como legítimo. Por isso, tenta desviar o debate com comparações absurdas”, argumentou.
Adicionalmente, o ativista lembrou que várias vozes alertaram Chapo a não aceitar a presidência em circunstâncias controversas. No entanto, ele avançou mesmo assim. “Achou que bastava a proclamação da CNE para ser aceite. Contudo, o povo não esquece”, disse.
Feridas históricas reabertas
Tivane acusou o partido Frelimo de explorar divisões regionais e históricas para manter o poder. Entretanto, destacou que os moçambicanos estão a superar essas barreiras. “Hoje, o povo de Gaza e de Nampula compreende melhor o passado. Já não aceita narrativas manipuladas”, afirmou.
Para ilustrar, citou casos em que ataques foram atribuídos à Renamo, quando na verdade teriam sido cometidos por elementos da Frelimo. Como exemplo, mencionou uma alegada queima de arquivo relatada por Adriano Nuvunga, cujo pai foi morto sob pretextos falsos.
Instituições contestaram resultados
Além disso, Tivane lembrou que organizações respeitadas, como a União Europeia, a Conferência Episcopal e a Procuradoria-Geral da República, já haviam denunciado falhas graves no processo eleitoral. Portanto, insistir na legitimidade do processo seria uma afronta à verdade.
“A própria Procuradoria concluiu que os resultados não obedeceram critérios científicos. Nem a ciência respaldou aquilo que foi declarado como vitória”, frisou.
Apelo à verdade e responsabilidade
Por fim, Tivane apelou ao respeito pelas vítimas da guerra e pela verdade histórica. Conforme afirmou, reescrever o passado para proteger interesses partidários representa uma grave irresponsabilidade.
“Não houve armas nas manifestações. Nenhum cartaz matou alguém. Já a guerra civil tirou milhões de vidas. Portanto, não é aceitável relativizar essa dor nacional por conveniência política”, declarou.
Ele encerrou com um apelo direto: “Os moçambicanos querem justiça, não insultos. Querem verdade, não manipulação. E querem respeito, acima de tudo”.