O Ministério da Saúde de Moçambique vai introduzir, em 2026, o lenacapavir, um novo medicamento preventivo contra o HIV. Com essa medida, o país dá um passo importante para conter a propagação do vírus. O fármaco será administrado apenas duas vezes por ano, o que representa um avanço significativo na área da prevenção.
Lenacapavir oferece proteção duradoura com poucas doses
O lenacapavir é um antirretroviral de ação prolongada. Por isso, ele pode ser aplicado de forma semestral, o que facilita a adesão dos pacientes. Ao bloquear a replicação do vírus no organismo, o medicamento atua como uma barreira eficaz contra novas infeções. Dessa forma, a estratégia reduz o risco de transmissão, sobretudo entre populações vulneráveis.
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Além disso, o uso de doses semestrais contribui para diminuir o número de visitas às unidades de saúde. Isso reduz a pressão sobre o sistema e aumenta a autonomia dos beneficiários. Como resultado, o impacto no combate à epidemia tende a ser mais duradouro.
Primeira fase irá beneficiar 30 mil pessoas
Segundo o secretário executivo do Conselho Nacional de Combate à SIDA, Francisco Mbofana, o Governo prevê distribuir entre 80 mil e 90 mil doses do medicamento já na fase inicial. Dessa forma, será possível alcançar cerca de 30 mil pessoas expostas a maiores riscos de infeção.
A decisão foi anunciada após uma audiência entre o Conselho e a Primeira-Ministra Benvinda Levi, realizada na última segunda-feira. Durante o encontro, as autoridades destacaram a importância de reforçar a prevenção com base em evidência científica. Ao adotar o lenacapavir, Moçambique junta-se a um grupo restrito de países africanos que apostam em inovações farmacológicas.
Prevenção reforça metas globais até 2030
Moçambique possui uma das mais altas taxas de prevalência do HIV na África Austral. Atualmente, mais de 2,5 milhões de pessoas vivem com o vírus e dependem de medicamentos diários. Por isso, o Governo aposta em novas formas de prevenção, que complementam os tratamentos existentes.
Este esforço insere-se no compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que propõem eliminar o HIV como ameaça à saúde pública até 2030. Com a introdução do lenacapavir, o país pretende acelerar a redução de novos casos, sobretudo entre os jovens e as mulheres.
Tratamento semestral alivia pressão sobre o sistema
O sistema nacional de saúde enfrenta desafios logísticos significativos. Anualmente, o país investe cerca de 500 milhões de dólares na aquisição de medicamentos, transporte e gestão clínica. Contudo, a introdução de um tratamento de aplicação semestral pode aliviar essa carga. Isso acontece porque menos visitas médicas significam menos custos operacionais.
Além disso, a prevenção eficaz reduz a entrada de novos pacientes nos programas de tratamento. Essa tendência, a médio prazo, pode gerar poupanças consideráveis. Dessa forma, o sistema ganha eficiência sem comprometer a qualidade do serviço.
Parcerias internacionais asseguram implementação
Para garantir o sucesso da nova estratégia, o Governo conta com o apoio de parceiros internacionais. Entre eles estão o PEPFAR, o ONUSIDA e a Organização Mundial da Saúde. A farmacêutica Gilead Sciences, responsável pela produção do medicamento, também participa no processo de introdução.
Essas entidades colaboram com suporte técnico, formação de profissionais e financiamento. Como resultado, o país poderá implementar o novo regime com maior rapidez e segurança. Além disso, as parcerias asseguram o fornecimento contínuo do lenacapavir nos próximos anos.
Fase preparatória arranca ainda este ano
O Ministério da Saúde vai iniciar a fase de preparação ainda em 2025. Nessa etapa, serão capacitados profissionais, definidos os protocolos clínicos e selecionadas as unidades-piloto. Ao mesmo tempo, o Governo lançará campanhas de sensibilização para informar o público sobre o novo tratamento.
As mensagens incluirão orientações sobre quem pode aceder ao lenacapavir, como ele funciona e quais são os seus benefícios. Com essa abordagem, as autoridades esperam garantir uma aceitação ampla e consciente. Assim, o tratamento poderá ser implementado com impacto real e sustentável.
Autoridades veem nova era na luta contra o HIV
Francisco Mbofana considera que Moçambique está a entrar numa nova fase na resposta ao HIV. Segundo ele, a introdução do lenacapavir representa um momento histórico. Com a combinação entre inovação, ciência e responsabilidade social, o país ganha mais uma ferramenta para proteger a saúde pública.
“Estamos a apostar numa solução que respeita a realidade das pessoas e fortalece o sistema de saúde”, disse Mbofana. Ao concluir a sua intervenção, o responsável reafirmou o compromisso do Estado em garantir o acesso equitativo a soluções eficazes.